quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Jornalismo impresso: Acaba ou não?

Observem estes dados. O tempo médio gasto na leitura dos jornais nos Estados Unidos não chega a 30 minutos por dia. Oito em cada dez americanos entre 18 e 34 anos nem batem os olhos num jornal. Quase 40% das pessoas com menos de 35 anos, disseram que esperam usar a internet no futuro para se informar. Só 8% falaram em se informar pelos jornais. Estes são, alguns, dos diversos dados colhidos em uma pesquisa realizada com americanos, em que o objetivo era constatar a aceitação, ou não, do jornal impresso no cotidiano das pessoas. Estudiosos, pesquisadores e jornalistas questionam um assunto que ecoa há alguns anos com o surgimento das novas mídias eletrônicas – o fim do jornalismo impresso. Os comunicólogos, em especial os jornalistas, se dividem entre os que acreditam na permanência do jornal de papel e os que crêem no desaparecimento do mesmo. Com o advento de novas tecnologias na área de comunicação, há quem diga que num futuro próximo restará apenas a versão online e televisiva para se passar uma informação. Baseiam-se nas pessoas mais jovens que preferem as telas dos computadores, noteebooks e palmtops – mídias usadas quase diariamente por uma população cada vez mais nova.

A escolha da juventude atual não é o único argumento para o fim do jornal impresso. Entre essa questão, há outros motivos, tais como, a realização e divulgação lenta de notícias, se comparada à elaboração de uma notícia para a internet ou televisão, e o custo alto devido a impressão em papel e distribuição trabalhosa envolvendo motoristas e carregadores. Alguns afirmam que a internet é apenas um dos fatores que podem levar o jornal a desaparecer. Outro fator também é a queda do investimento publicitário desde a década de 90.

Os jornais de alguns países como França e Estados Unidos já sentem o impacto e decadência do impresso. Em 1946, a França tinha 28 jornais diários vendendo seis milhões de exemplares. Atualmente, eles são apenas 11 e o total de vendas diárias não passa de dois milhões de exemplares. A direção do The New York Times – jornal mais conhecido e lido em todo o mundo – confessa estar sofrendo prejuízos com suas edições em papel. Por outro lado, os acessos à versão online do tablóide, já superam um milhão e meio por dia, enquanto um milhão e cem mil pessoas lêem os impressos. Realidade diferente no Brasil. Os levantamentos de circulação e publicidade mostram progresso nos jornais brasileiros. O Instituto de Verificador de Circulação (IVC) tem bons números registrados no ano passado. A média diária dos 103 jornais filiados ao IVC cresceu 8,1% comparados à média do primeiro semestre de 2007. Os jornais passaram a vender 4,39 milhões de exemplares por dia, enquanto há dois anos vendiam 4,06 milhões de unidades diárias.

Marcelo Freitas, professor e coordenador do laboratório de jornalismo impresso da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, possui uma visão otimista sobre a perenidade do jornal impresso. Para ele o impresso só vai continuar se a forma de fazer notícia mudar. “O jornal vai deixar de trazer matérias de ontem. Terá um papel mais reflexivo, quem sabe, literário”, conta. Marcelo diz que as notícias factuais tendem a ficarem com as mídias eletrônicas, enquanto os jornais passarão a terem características de textos para revista. Quando questionado se há algum prazo para o desaparecimento dos impressos, o professor enfaticamente diz que “será indeterminado”.

Da mesma forma que existem os prós e contras ao jornalismo impresso, as mídias eletrônicas, em especial a internet, não escapam das críticas. O dinamismo das publicações de notícias em blogs ou portais pode ser um erro. Pela rapidez em divulgar o fato, as matérias podem ter falhas e falta de alguma informação. Dependendo do site de notícias, o receptor pode não saber com quem reclamar quando ler alguma informação errônea ou de difícil compreensão, perdendo, assim, credibilidade e confiança do internauta. Diferente dos jornais impressos, pois se sabe o endereço, telefone, CNPJ da empresa para contato.

O impresso tem perdurado por longos anos. Será que a tecnologia abafará sua existência?