Temos assaltos, seqüestros, estupros, assassinatos, latrocínios, feridos, brigas, rebeliões, violência, violência, violência...
Quem vai querer? Temos de todos os tipos e formas – brancos, pretos, classe baixa, média e alta, crianças, jovens, adultos, velhos, homens e mulheres, gays, facas, estiletes, revólveres, granadas, metralhadoras e até bazucas.
A grande feira da mídia está pronta! Muitos são os vendedores e muitos os compradores. A mercadoria, então, é de melhor qualidade. Fresquinhas. Saíram agora, da última colheita.
A verdadeira e ao mesmo tempo cruel realidade da mídia brasileira é esta. As pessoas se transformaram em produtos, frutas, legumes, que são vendidos, hoje, em qualquer esquina. Que a mídia banaliza qualquer coisa, não é novidade pra ninguém. Agora, banalizar a morte é degradante. A vida já está banalizada! Era pra não, mas está. Só que nos acostumamos com isso. Atualmente é normal – ou aceitamos ser normal – a forma como vivemos. De forma pacata, como bons brasileiros! Tudo está bem, tudo está tranqüilo, eu aceito tudo, sou imparcial com as coisas, um exemplar diplomata. Se meche comigo, fico nervoso, mas se é com o outro, não me importo. É o destino! Temos que aceitar o que somos, temos que aceitar as desigualdades, as faltas de oportunidades – aceitamos um pouco de corrupção, negligenciamos e como dizem por aí, sou brasileiro e não desisto nunca! Não desiste do quê?
Viver é banal. Mas morrer também?
A mídia como grande formadora de opinião tem o importante papel de levar informação ao seu público. Concordo que sem a mídia certamente iríamos perecer de conhecimento. Nada contra ela, só não aceito a forma que a violência e a morte são expostas. E o pior. Não nos impacta mais saber, ver e ouvir que a violência está à porta. Se morrem um ou 10, não faz diferença. Vemos um noticiário que nos diz o número de mortos do final de semana – 15 – mas são 15, só na sua cidade. Ouvimos - Ah! Normal! - Ou - menos mal, no final de semana retrasado foram 18, já baixou.
Morrer poucos ou muitos não faz diferença. Lembro-me que há poucos anos atrás, quando ouvíamos que alguém morreu, todos ficavam perplexos. Seja uma pessoa conhecida ou não, mas se morreu era de assustar. Hoje o que nos choca é quando os números de mortos ou feridos se elevam em conseqüência de alguma catástrofe ou algum ato terrorista. E a feira da mídia se enaltece. Vende mais, né! Quando compramos um jornal ou vemos e ouvimos que foram mais de 100 mortos, aí a coisa muda. Mais de 100? É o fim do mundo! Então, quando este número chega ao milhar, aí verdadeiramente nós dizemos – é o Apocalipse.
Mas e os 15 que morreram no final de semana?
Interessante como até os jornalistas não sentem mais emoção em transmitir as notícias de tragédia. Observem que quando falam que morreram 30 no Iraque, por causa de um homem-bomba é a mesma coisa de dizer, que pesquisas mostram que o funk carioca está em alta no Brasil. Pra quê se impressionar com 30 mortos? Lá morrem mais ou menos isso todo dia. É normal. Normalíssimo, só não é pra quem vai enterrar um ente-querido pela primeira vez.
Agora, o espetáculo está armado quando “valorizam” em algum fato que possivelmente será polêmico e repercutirá nas conversas de todos os brasileiros.
Jogaram uma criança da janela. Garoto é arrastado pela rua, preso a um carro. Seqüestro termina em morte da refém. É certo que, todos nós, ao lermos estes três acontecimentos citados, faremos uma ligação com três famosos casos em que a mídia se esbaldou em martelá-los em nossas casas e mentes. No decorrer de um ano, sempre é preciso pegar algum fato de violência e fazê-lo – de maneira bem forçada e dramática – ser o destaque. A morte de Isabella Nardoni foi revoltante? Sim. Mas quantas Isabellas Nardoni estão caindo das janelas e sofrendo violência doméstica? João Hélio foi morto de forma cruel? Sim. Mas e tantos outros Joãos Hélio, que são e estão desconhecidos? Cadê a mídia para dar a estes a devida importância e homenagem que deram para João Hélio? Eloá ficou na mídia sendo comentada por quantos dias? E as diversas outras vítimas de seus namorados? 15 ou 30 segundos – anunciadas em pequenas notas pelos jornalistas, seja na TV, ou em pequenas notícias no jornal impresso que fica bem lá canto inferior da página? Difícil de alguém ler.
Na mídia é igual na feira. Você só vende o que quer vender. Seja frutas ou legumes, seja morangos ou jilós a escolha é do vendedor. E o freguês compra também o quer. Mas quando o vendedor é bom de lábia, o comprador leva pra casa até umas bananas que já estão quase podres. É só fazer um preço mais camarada que convence, já que brasileiro gosta de pechinchar – e muito.
Quem é o culpado de levar isto para dentro de sua casa? O vendedor ou o cliente?
Anoitece e raia um novo dia. E a feira reabre e a mercadoria ta novinha.
Temos assaltos, seqüestros, estupros, assassinatos, latrocínios, feridos, brigas, rebeliões, violência, violência, violência...
Quem vai querer? Temos de todos os tipos e formas – brancos, pretos, classe baixa, média e alta, crianças, jovens, adultos, velhos, homens e mulheres, gays, facas, estiletes, revólveres, granadas, metralhadoras e até bazucas.
A grande feira da mídia está pronta! Muitos são os vendedores e muitos os compradores. A mercadoria, então, é de melhor qualidade. Fresquinhas. Saíram agora, da última colheita.
A verdadeira e ao mesmo tempo cruel realidade da mídia brasileira é esta. As pessoas se transformaram em produtos, frutas, legumes, que são vendidos, hoje, em qualquer esquina. Que a mídia banaliza qualquer coisa, não é novidade pra ninguém. Agora, banalizar a morte é degradante. A vida já está banalizada! Era pra não, mas está. Só que nos acostumamos com isso. Atualmente é normal – ou aceitamos ser normal – a forma como vivemos. De forma pacata, como bons brasileiros! Tudo está bem, tudo está tranqüilo, eu aceito tudo, sou imparcial com as coisas, um exemplar diplomata. Se meche comigo, fico nervoso, mas se é com o outro, não me importo. É o destino! Temos que aceitar o que somos, temos que aceitar as desigualdades, as faltas de oportunidades – aceitamos um pouco de corrupção, negligenciamos e como dizem por aí, sou brasileiro e não desisto nunca! Não desiste do quê?
Viver é banal. Mas morrer também?
A mídia como grande formadora de opinião tem o importante papel de levar informação ao seu público. Concordo que sem a mídia certamente iríamos perecer de conhecimento. Nada contra ela, só não aceito a forma que a violência e a morte são expostas. E o pior. Não nos impacta mais saber, ver e ouvir que a violência está à porta. Se morrem um ou 10, não faz diferença. Vemos um noticiário que nos diz o número de mortos do final de semana – 15 – mas são 15, só na sua cidade. Ouvimos - Ah! Normal! - Ou - menos mal, no final de semana retrasado foram 18, já baixou.
Morrer poucos ou muitos não faz diferença. Lembro-me que há poucos anos atrás, quando ouvíamos que alguém morreu, todos ficavam perplexos. Seja uma pessoa conhecida ou não, mas se morreu era de assustar. Hoje o que nos choca é quando os números de mortos ou feridos se elevam em conseqüência de alguma catástrofe ou algum ato terrorista. E a feira da mídia se enaltece. Vende mais, né! Quando compramos um jornal ou vemos e ouvimos que foram mais de 100 mortos, aí a coisa muda. Mais de 100? É o fim do mundo! Então, quando este número chega ao milhar, aí verdadeiramente nós dizemos – é o Apocalipse.
Mas e os 15 que morreram no final de semana?
Interessante como até os jornalistas não sentem mais emoção em transmitir as notícias de tragédia. Observem que quando falam que morreram 30 no Iraque, por causa de um homem-bomba é a mesma coisa de dizer, que pesquisas mostram que o funk carioca está em alta no Brasil. Pra quê se impressionar com 30 mortos? Lá morrem mais ou menos isso todo dia. É normal. Normalíssimo, só não é pra quem vai enterrar um ente-querido pela primeira vez.
Agora, o espetáculo está armado quando “valorizam” em algum fato que possivelmente será polêmico e repercutirá nas conversas de todos os brasileiros.
Jogaram uma criança da janela. Garoto é arrastado pela rua, preso a um carro. Seqüestro termina em morte da refém. É certo que, todos nós, ao lermos estes três acontecimentos citados, faremos uma ligação com três famosos casos em que a mídia se esbaldou em martelá-los em nossas casas e mentes. No decorrer de um ano, sempre é preciso pegar algum fato de violência e fazê-lo – de maneira bem forçada e dramática – ser o destaque. A morte de Isabella Nardoni foi revoltante? Sim. Mas quantas Isabellas Nardoni estão caindo das janelas e sofrendo violência doméstica? João Hélio foi morto de forma cruel? Sim. Mas e tantos outros Joãos Hélio, que são e estão desconhecidos? Cadê a mídia para dar a estes a devida importância e homenagem que deram para João Hélio? Eloá ficou na mídia sendo comentada por quantos dias? E as diversas outras vítimas de seus namorados? 15 ou 30 segundos – anunciadas em pequenas notas pelos jornalistas, seja na TV, ou em pequenas notícias no jornal impresso que fica bem lá canto inferior da página? Difícil de alguém ler.
Na mídia é igual na feira. Você só vende o que quer vender. Seja frutas ou legumes, seja morangos ou jilós a escolha é do vendedor. E o freguês compra também o quer. Mas quando o vendedor é bom de lábia, o comprador leva pra casa até umas bananas que já estão quase podres. É só fazer um preço mais camarada que convence, já que brasileiro gosta de pechinchar – e muito.
Quem é o culpado de levar isto para dentro de sua casa? O vendedor ou o cliente?
Anoitece e raia um novo dia. E a feira reabre e a mercadoria ta novinha.
Temos assaltos, seqüestros, estupros, assassinatos, latrocínios, feridos, brigas, rebeliões, violência, violência, violência...
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